Audentes Fortuna Iuvat

Monday, July 30, 2007

Já faz um certo tempo que não escrevo. Isso se deve em grande parte ao fato de nunca mais ter feito nada de novo. Vou aproveitar então para escrever sobre a questão do choque de culturas.
A primeira coisa que eu notei é que canadense não faz pós-graduação. Na verdade muitos não fazem nem faculdade. O que ocorre é que aqui é que, além das universidades não serem de graça, as diferenças salariais são muito menores que as do Brasil. Então muita gente prefere ganhar uns mil e quinhentos, dois mil dólares por mês assim que acaba o segundo grau (high school) do que ter que passar uns 4 anos de bolsos vazios e se matando de estudar. Quanto a pós, a oferta de emprego é bem grande para quem acaba um curso univeritário, então é preciso muita vontade de aprender para continuar com os estudos. Paradoxalmente as pessoas aqui dão um valor bem grande a uma pós-graduação. Quando digo o que estou fazendo aqui as pessoas normalmente ficam bem impressionadas (ao contrário do Brasil onde me perguntavam se eu "só" estudava). Acho que é algo do tipo: "É, eu não tive saco de fazer, mas tu vai se dar bem". Tomara que eles tenham razão!!!
Fiquei impressionado com a quantidade de estrangeiros aqui. A política de imigração do Canadá deve estar dando certo. Aqui tem uma Chinatown e uma Little Italy. Também tem uma comunidade ucraniana grande, além de japoneses, coreanos, italianos, latinos, etc. Confesso que boa parte das pessoas que conheci se enquadra nos arquetipos clássicos, isto é, os italianos e latinos sempre festeiros, os chineses muito reservados e por aí vai. Por sinal acho muito chato que muitos chineses mal se dão ao trabalho de falar em inglês, se isolam em suas comunidades falando mandarim e ficam trabalhando em rede de fast foods, com o mínimo de contato com outras culturas. É impressionante como 90% dos empregados das McDonald's da vida são chineses. Claro que há excessões.
Embora seja oficialmente um país bilingue, o que acontece na prática é que há uma cisão entre o Canadá Inglês e o Canadá Francês, que ocorre desde que a Inglaterra conquistou as colônias norte-americanas da França, originando a província de Québec. Normalmente os habitantes de Quebéc se dizem quebecois ao invés de canadenses e os canadenses do resto do país os acham arrogantes. É, em uma escala bem maior o que o Rio Grande do Sul é para o Brasil. Infelizmente essa vontade de "ser francês" só faz enfraquecer Québec, que viu Montreal perder o posto de capital econômica para Toronto nos últimos 30 anos. Houve um plebiscito uns 15 anos atrás para a secessão da província, mas como só 48% dos habitantes da mesma optaram pela saída da confederação, ela continua fazendo parte do país. Na prática a maioria dos habitantes do Canadá Anglófono não falam bulhunfas de françês e no Québec, a excessão de Montreal, os Canadenses não falam bem inglês. Em Montreal grande parte da população é bilíngue, ou só fala inglês.
Quanto ao clima, ao contrário do que a maioria pensa, aqui faz calor sim, e muito. A sensação térmica de ontem era a de 37C. Tive dificuldades para dormir, mesmo com ventilador. Além de estar quente mesmo, as casas são mal-ventiladas pois são feitas para suportar o frio. Esse calor entretanto só dura uns dois meses. Antes e depois desse calor tem 2 meses de um friozinho gostoso e os outros 4 meses são de um frio danado.
Bem, vou lá acabar de fazer minha aprsentação para um seminário. Beijos a todos.

Monday, July 16, 2007

Arraial verde-amarelo!

Neste sábado uma amiga organizou uma festa de São João na casa dela. Porque agora em julho e não em junho eu não entendi, mas que foi boa foi. Comemos bolo de banana, pastel de festa, doce de leite, cocada e pãozinho com carne moida! As meninas fizeram sardinhas na cara e tranças nos cabelos, mas dos homens só eu botei um chapéu e pintei um bigodinho, o resto disse que ia fazer mas deu para trás!

Esse sábado, por sinal é repleto de fatos históricos. Além de ser o dia em que se comemora a queda da bastilha é também o aniversário do meu sogro. Não conseguimos falar com ele no dia, pois quando Nanda ligou ele tinha saído de casa para ir em uma festa, e Nanda ficou toda borocoxo. Mas, hoje eles já se falaram bastante por telefone e eu, de minha parte, deixo aqui os meus parabéns!

No domingo fomos ver a final da Copa América no Elephant and Castle, um pub que sempre passa jogos de futebol. Assisti o jogo com um monte de brasileiros, mas o melhor de tudo é que tinham uns argentinos lá cabisbaixos, vibrei!!! Como dizem, melhor que ver um brasileiro feliz é ver um argentino triste. A gente fez um barulho danado no bar e fomos aplaudidos.

Casal matuto. Nãou trouxe camisas quadriculadas, tive de improvisar com uma listrada mesmo, que por ser de flanela é ótima para todos os meses daqui, exceto julho!!! Pense num calor.

Nós e a anfitriã, Carol.

A fogueira tá queimando...

Sunday, July 08, 2007

Howdy!!!

Embora seja a capital da província de Alberta, Edmonton não é a maior cidade da mesma. Calgary, 270 kilometros ao sul é um pouco maior. Enquanto Edmonton é o centro político e acadêmico, Calgary é o centro econômico.

Essa lição de geografia foi porque, como lá ocorre anualmente um festival de rodeio chamado Calgary Stampede, nós fomos lá ontem. Sheehan, um colega meu do laboratório tinha me chamado para ir lá, acompanhando as atrações do festival e assistir um show a noite (Three Days Grace). Embora sejam 270 kilometros, como a estrada é uma reta só, com duas faixas em cada sentido, a viagem dura só duas horas e meia. Então decidimos ir e voltar no mesmo dia.

Digo logo que achei a cidade meio brega. A arquitetura de lá é jiquí e, embora seja maior, achei Edmonton mais cosmopolita. Pode ser efeito do festival, mas vi poucos estrangeiros por lá. O que não faltou foi caipiras. Não falo do jeito de se vestir, afinal até eu comprei um chapéu de cowboy, mas do jeito de se portar e de falar.

Como tudo aqui no Canada, o festival foi super organizado. Tudo começava na hora, não houve filas para entrar e pegamos pouco transito (na verdade nenhum trânsito na estrada, só um pouco quando já estavamos perto do parque). Infelizmente como chegamos um pouco tarde nem vimos o rodeio principal, pois precisava pagar mais para ir para a arquibancada e já estava no fim quando chegamos. Além dos rodeios, têm no local um parque de diversões, feiras agriculas, de artesanato, de moda, além de competições no ginásio de Hockey de lá (o SaddleDome, que seria em bom português o Selão, devido ao formato de sela do mesmo). Vimos até um desfile de moda com as modelos mais esquisitas que já vi em minha vida. Todas fazia cara de zumbi e andavam estranho.

Demos um tempo no Stampede e fomos a um bar em downtown para encontrar com um tio de Sheehan. Sheehan é canadense, mas filho de um bengalês com uma finlandesa. Qual foi nossa surpresa em se deparar com um chinês. Depois Sheehan explicou que era tio de consideração, para alívio geral.

Pra finalizar o show foi legal, a banda tinha poucos hits e por isto esticava um pouco as musicas, mas o público era bem engraçado. Sempre tinha alguém gritando coisas nada a ver e fazendo "crowd surfing" que é ser carregado pelas mãos dos outros.
Algumas fotos:



Eu, Nanda (a carater) e a cidade de Calgary ao fundo.


Nós em frente ao Saddledome, o ginásio de hockey em forma de sela.


Show. Vejam que duas pessoas estão "surfando" na multidão.

City Centre

Finalmente, após seis meses aqui, tomei vergonha na cara e fui dar uma passeio pelo centro da cidade, na semana passada. Em minha defesa tenho que dizer que os três primeiros meses não contam muito porque estava um frio desgraçado. E depois, Nanda chegou e sempre tinha algo para ser feito nos fins de semana.

Aproveitamos um doningo sem planos e pegamos o metrô até downtown. O centro da cidade possui um sistema de tuneis, chamado pedways, pelos quais é possível ir de um canto a outro sem precisar sair de ambientes aquecidos. Vários prédios de companhias e shoppings fazem parte deste sistema, que deve ser muito útil para quem passo os dias trabalhando por lá no inverno.

Como estava fazendo uns 23 C não usamos o sistema, ficamos passeando pelas ruas. É bem legal lá. Tem alguns prédios enormes de vidro, constrastando com outros pequenos que aparentam ter mais de 70 anos. Embora seja menor e possua muito menos historia que o centro de Recife, o centro daqui tem a vantagem de estar muito melhor preservado. Não vi um único prédio abandonado, ou em más condições. Aqui também tem pedintes, mas bem poucos. Acho que nesse passeio cruzamos com uns dois ou três. Mesmo assim acho um absurdo. Aqui qualquer cidadão pode pedir auxílio desemprego, cujo valor é pouco menor que minha bolsa, além de ter em cada loja uma placa oferecendo emprego. Ou seja, pedinte aqui é tão vagabundo que nem pra preencher a papelada do governo tem coragem.

Aí vão algumas fotos (pode-se dar um zoom, clicando nas mesmas):


Arranha-céus visto de dentro de um prédio comercial.

À esquerda a biblioteca pública, em frente o Teatro e mais a frente (rosa) o Canada Place, que é onde a burocracia governamental é feita.

Só para provar que eu cortei o cabelo (em frente a prefeitura).



Nanda, no mesmo local.


Prefeitura.


Concordo com a plaquinha!!!


Nanda, em frente a uns bistrôs. O que a gente queria ir tava fechado, pois era feriado :(


Vista da cidade à noite.

Monday, July 02, 2007

Canada Day/ Seis meses aqui.

Primeiro de julho é a data em que se comemora o dia do Canadá, que é o equivalente a nossa independência. Basicamente é um feriado no qual os canadenses se vestem com as cores de sua bandeira e ocorrem festas e queima de fogos de artifício.

Algumas amigas nossas foram fazer uma apresentação de dança brasileira em um parque, e claro que eu e Nanda fomos lá prestigiar-las. O parque em questão era bastante escondido e passamos mais de uma hora andando até achar-lo. Bem, chegando lá encontramos nossos amigos, vimos as meninas dançando samba e axé e depois fomos para a casa de Tuca esperar a hora da queima de fogos atrás do Legislature Building. Não foi nada demais, mas valeu pela experiência.
Hoje faz seis meses que eu me mandei para cá. O tempo está passando rápido. Claro que a saudade das coisas e principalmente pessoas que ficaram em Recife é grande e só faz aumentar, mas tenho que dizer que tive sorte aqui. Meu orientador é legal, meus colegas de trabalho também e tive a sorte de conhecer um grupo de brasileiros, mexicanos, colombianos, etc, dentre os quais alguns amigos de verdade que eu sentirei muita falta quando sair daqui. Se não dá para matar a saudade pelo menos a gente não fica em casa pensando na morte da bezerra!

Nanda em frente ao Legislature Building.

Apresentação das brasileiras. No fim elas chamaram o público e fizeram um trenzinho. Notem Fernanda no meio da confusão, atrás de um punk. Notem também que Janu está atrás dela com penas na cabeça.

Queima de Fogos. Tinha uma multidão lá assistindo.